Em “Lutos Coletivos e Criação Social”, primeiro volume da Coleção Direitos Humanos, Jean-Claude Métraux constrói a relação da mortalidade articulada ao luto. Questiona-se sobre os possíveis laços de filiação entre saúde e luto. Cria os conceitos de luto de Si e luto de Sentidos, luto de Ti, criação de Sentidos, criação de Qualidades. Apesar de vários pensadores já terem trabalhado o termo luto, Métraux dele se apropria numa especificidade fundadora. Por questões de escrita, aglutina nesta expressão o luto comunitário e o luto individual. Define luto coletivo como a dinâmica social que atravessa a família, comunidades e sociedades na sequência de qualquer perda conjunta aos membros da coletividade, entre elas, é claro, o Luto de Sentido. Ainda, vale a pena destacar que esta publicação refere-se ao vivido pelo autor nas noites tropicais da Nicarágua, quando, ao observar, constatou o contraste do rito luterano seco, com a cerimônia do enterro, do féretro, do trespasse num povoado, momento no qual vivia o luto da perda de um irmão. A lembrança gestada por quase 10 anos gera a escrita deste livro na Suíça.