Pensar a alteridade radical inscrita entre as dobras da filosofia iluminista do século XVIII, no momento mesmo em que a razão afirmava seu projeto de universalização do conhecimento, é o horizonte em que este livro se inscreve. Neste volume, o leitor encontrará quatro ensaios, sobre Diderot, Fontenelle, Kant e Rousseau, seguidos da tradução de textos de cada um desses autores. Ao reconhecerem que a emancipação das superstições conduzia a luz natural da razão humana ao convívio íntimo com as sombras que pretendia eliminar – a cegueira, a loucura, a monstruosidade e a ficcionalidade –, as leituras aqui propostas mostram que o resultado de tal proximidade é um inevitável contágio. Assim, no interior do Iluminismo, em seus desvãos obscuros, antecipam-se alguns de seus limites e impasses.