Se a poesia é o escândalo da linguagem, à prosa de ficção cabe o encargo de fazer sentido. As duas disparam, porém, efeitos de presença, pelo potencial de ativar nossa imaginação. A imaginação: essa dimensão da consciência em que se dão experiências sensoriais e emocionais, mesmo sem estímulos materiais imediatos. É da imaginação que irrompe a energia afetiva latente nos textos literários, que redimensiona a força representacional da literatura, modificando nossa experiência subjetiva do mundo.
Ligia Gonçalves Diniz
“O que resta, então, a mim dizer? Talvez que eu o leia como um livro oportuno – e não apenas por sua sincronia com a vanguarda dos debates atuais. Imaginação como presença, na verdade, os transcende e se transforma em uma promessa para o que a crítica literária poderia – e provavelmente deveria – tornar-se o futuro. [...]Ligia aponta e descreve uma função provavelmente tanto elementar quanto duradoura para o que chamamos de ‘leitura literária’, uma função que nenhum outro pensador antes dela havia intuído e analisado em sua complexidade intrínseca”.
Hans Ulrich Gumbrecht