As diferentes moradas das palavras: contos de escritoras em tradução é o tipo de livro que habita na possibilidade, como diz um verso da poeta estadunidense Emily Dickinson. Não apenas porque os contos tratam das mais diversas noções de casa – em lugares geográficos e de enunciação diferentes –, mas porque as pessoas que trabalharam na tradução também tiveram que negociar com seus corpos de leitoras e leitores, em determinadas línguas-fonte, e passaram a habitar as narrativas em vias de tradução. Toda essa performance exige pesquisa, diálogo e negociação, talvez uma das mágicas possíveis na prática tradutória e no desenvolvimento das pesquisas universitárias dos estudos de tradução no Brasil. Aqui, a pessoa que lê não vai perceber apenas o que conecta essas mulheres na prática do conto, mas também os diálogos possíveis delas com quem as traduz, alinhavando os seus projetos de escrita no português brasileiro.
A tradução, como a leitura, não se faz sozinha. Entre: as portas da casa estão todas abertas.
Emanuela Siqueira