Este ensaio tem, à primeira vista, um tema bem específico: o asilo político. A novidade, no caso, é que o título afirma que este conceito nasce na Tragédia Grega, o que pode causar surpresa a alguns, sobretudo àqueles e àquelas que não estão afeitos à dramaturgia clássica grega ou a este tipo de reflexão e análise que pensa conceitos jurídicos e políticos à luz de textos literários. O leitor, de fato, irá encontrar, em primeiro plano, aquilo que o título promete. Contudo, o texto avança, e o leitor descobrirá, em segundo plano, que as informações, análises e provocações oferecidas ao longo da exposição feita até ali são, a seguir, utilizadas para promover uma leitura crítica não apenas sobre o asilo político, mas também sobre a “asilidade” e a política em geral, ou seja, sobre a caracterização da condição em que se encontra todo aquele ou aquela que precisa e pede por proteção (dentro ou fora das próprias fronteiras), sobre o tipo de relação e vínculo que se estabelece entre quem pede proteção (suplicante) e quem é pedido para que seja protetor (suplicado), e sobre os problemas e desafios que a súplica do outro, especialmente a do estrangeiro, representa para a política, obrigando-a a se deparar com os seus limites e a reinventar as suas possibilidades – como ocorre em As Suplicantes, de Ésquilo, mas também frente aos milhões de suplicantes contemporâneos. --------------------------------------------------------------------------------------Edição bilíngue----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
SYNOPSIS
On first glance, this essay has a very specific theme, as it focuses clearly on the concept of political asylum. Yet it is hoped that the reader will be able, through the information, arguments, analysis and provocations offered during the text, to arrive at a more complex and critical comprehension of not only political asylum, but also of “asylumness” and politics in general, that is, about the characterization of the condition faced by all of those who need and ask for protection (whether within or outside their own borders), about the kind of relationship and connection that is established between those who ask for protection (suppliant) and those who are asked to be the protectors (supplicated), and about the problems and challenges that the other’s supplication (especially when that “other” is a foreigner) represents to politics, forcing it to face its limits and reinvent its possibilities – as is the case in Aeschylus’ The Suppliants, but is also the dilemma posed by millions of contemporary suppliants.