Aprender cinema no hospital?!
Esse é um assunto desperta muitas perguntas e por isso não faltam motivações para a leitura desta criativa experiência que é o livro O que se aprende quando se aprende cinema no hospital? De leitura amena e fácil, ele no entanto resulta de uma difícil — por vezes até mesmo dolorosa — empreitada levada a cabo pela educadora audiovisual e pesquisadora Fernanda Omelczuk. Os resultados por ela obtidos são apresentados num texto fluido, em que apreciamos o êxito e a novidade de fazer cinema como alternativa para a educação: ao mesmo tempo que as crianças aprendem/desaprendem, abrem seus olhares ao mundo audiovisual de uma forma diferente e distante do habitual modo de consumo passivo de cinema. Tamanha empreitada tem um mérito ainda maior por se realizar em um contexto muito particular: o ambiente iatrogênico das enfermarias hospitalares, onde o cotidiano de meninas, meninos e suas famílias é interrompido pela doença. A proposta de Fernanda rompe com o modelo tradicional de educação – bancário, repetitivo, passivo, assimétrico – e aposta totalmente no contrário. Uma aprendizagem experiencial, na qual afetos e conhecimentos se entrelaçam por meio de diversas vivências enriquecedoras para as crianças, de modo que a arte, mais uma vez, se confirma como recurso para a vivência da estética e do maravilhoso, deslocando assim o sentimento subjacente de angústia e o temor que acompanha a enfermidade e a internação hospitalar.