Em A nova arte de fazer teatro, o dramaturgo espanhol Lope de Vega busca anunciar, consolidar e difundir as principais orientações de uma tendência de composição dramática que progressivamente ganhava terreno na Espanha da virada do século XVI para o XVII. Tal tendência se consolidou num tipo de prática cênica, autóctone e inovadora, que floresceu no Século de Ouro espanhol, e que teve como palco os chamados corrales de comedias, espaços cênicos construídos nos pátios das residências e abertos ao público geral, portanto de características populares. Gerava-se assim, pela primeira vez, um tipo de espetáculo que diferia totalmente tanto daquele que era apresentado no círculo cortesão dos palácios da aristocracia quanto do que se limitava às cerimônias litúrgicas acontecidas nos claustros e pórticos das igrejas. Tratava-se, então, de uma nova arte de fazer teatro, que, deixando os lugares de representação tradicionais e ocupando um ambiente de maior liberdade e regozijo, atingia um público muito mais heterogêneo, que era o das populosas cidades espanholas da época.