Ao elegermos como princípio de reflexão e ação intelectual as questões relacionadas aos direitos humanos e à memória, pensamos no enfrentamento das realidades que permitem o silêncio, as ocultações e as censuras em face de experiências traumáticas vividas frequentemente pelos grupos sociais vulneráveis e subalternizados, assim como pelas vítimas de perseguição política. Em algumas sociedades onde a cultura dos direitos humanos é precária, parece haver uma aceitação tácita da violência que repercute nas formas regressivas vistas atualmente em determinadas práticas políticas. Tão graves são a invisibilidade e a subalternidade a que se veem submetidos grupos sociais específicos que, não raras vezes, sequer podem ser compreendidos nos tradicionais quadros teóricos das ciências humanas. Na defesa contra os fascismos contemporâneos, indagamos como tais populações podem reconstruir, agenciar ou redefinir identidades, expectativas à base de experiências práticas, socializações, utopias, laços multiculturais, e recursos simbólicos que minimizem ou neutralizem as severas situações de precariedade.