John Milton escreveu em Areopagitica (1644) que os livros não são objetos sem vida, tampouco são inertes. Eles circulam pela sociedade. São lidos, interpretados e debatidos. Carregam ideias, projetos, perspectivas e críticas. Levam consigo a inventividade daqueles que os fabricaram. Os autores, sem dúvida, são fundamentais, mas outros personagens são igualmente imprescindíveis na composição desses objetos multifacetados. Revisores, compositores, tipógrafos, editores, encadernadores e livreiros, nesse sentido, dão forma aos textos. Nenhuma obra existe fora de seu suporte material, o qual depende de decisões, atividades e estratégias desses agentes. Suas ações, por consequência, também transformam esses sujeitos em autores dos textos que publicam. É dessa consideração que parte Revolução em papel e tinta. Examinando as atividades editoriais e comerciais de dois livreiros londrinos, Hannah Allen e Livewell Chapman, a obra discute como eles expressaram seus próprios anseios políticos e religiosos nas páginas que confeccionaram e difundiram durante o turbulento contexto da Revolução Inglesa.