Botho Strauss é dramaturgo, romancista e ensaísta. Alemão nascido durante a Segunda Guerra Mundial, ele é um dos autores mais encenados na Europa. Crítico na revista Theater heute, Strauss trabalhou como Dramaturg no Schaubühne de Berlim, sob a direção de Peter Stein. Dramaturgista, traduzindo e adaptando autores como Henrik Ibsen, Eugène Labiche, Maksim Górki produziu uma escrita inquietante como atesta O tempo e a sala.
Como autor teatral, Strauss se insere numa tradição de escritores integrada por Peter Handke, Rainer Werner Fassbinder e Wim Wenders, todos eles de meados do século XX. Trata-se de uma geração bem posterior à de Bertolt Brecht e seus principais seguidores — Peter Weiss, Tankred Dorst e Heiner Müller.
Nascida dos escombros de uma cultura violentada pelo nazismo e uma Alemanha dividida pela Guerra Fria, a dramaturgia dele revela uma escrita singular que embaralha a representação do sujeito europeu, entre individualismo e projeto coletivo. Como um jogo de espelhos existenciais, sua escrita confronta o anonimato do ser humano com sua perda de referências na busca por um sentido que dê conta das novas realidades.
A dramaturgia em língua alemã pertence à segunda onda de traduções de línguas estrangeiras para nossa cultura teatral. Até pouco tempo, era comum que peças escritas em alemão, polonês, russo ou norueguês fossem vertidas a partir do inglês ou do francês, cotejando-se com suas versões em espanhol. Esse modo indireto de traduzir foi sendo sistematicamente substituído graças aos esforços dos nossos programas de pós-graduação em letras.
Esse é o caso de Fernanda Boarin Boechat, formada pela UFPR e hoje professora do curso de letras-alemão na Universidade Federal do Pará. Ela oferece ao leitor brasileiro uma tradução límpida e fluente num tratamento o mais próximo possível do imaginário de Strauss.
Walter Lima Torres Neto
Organizador da Coleção